[RP] Pegue o Pombo !!

Era a terceira morte na minha área distrital que apesar da policia normal entender aquilo como acidente, para mim as coisas eram diferentes. Era a terceira pessoa carbonizada. Motivo de ser considerado um acidente? O local onde estavam pegava fogo e não havia nenhum indicio de incêndio criminoso.
Motivo para que eu achasse aquilo suspeito? A necessidade de uma chama muito mais forte, uma temperatura mais alta, que um provável incêndio poderia chegar para queimar as vítimas aquele ponto, não haver também real ponto de início para o acidente levar as chamas. E claro, havia aquela intuição, aquela voz no fundo da minha mente, toda inquieta sobre o assunto.
Questionei pro um momento sobre possibilidades. Um espírito vingativo. O surgimento de pessoas com combustão espontânea, coisas estranhas tem surgido nos últimos tempos. Ou algum bandido com altas capacidades, poder de fogo e nenhum escrúpulo. Alguma entidade sobrenatural estranha como um demônio. Estranhamente, a mim, tudo parecia ser mais plausível do que um bandido, as vitimas não apreciam ter relação e era uma chama muito forte para alguém criar com equipamentos e de forma tão discreta a levar até a polícia sem ter provas e resolver considerar tudo como acidentes. Assim como alguns casos já foram deixados como suicídio.
Resolvi depois de um pouco de briga interna para me mover e muitos gritos das vozes em minha mente, investigar o ultimo local onde tal morte havia ocorrido. Esperava talvez lá encontrar algum tipo de pista que pudesse me indicar algo sobre a verdade.

Depois de uma caminhada pelo bairro, discretamente cheguei ao local, o sol começava a raiar, realmente eu tinha tido uma longa noite sem dormir enquanto discutia comigo mesmo e as vozes dentro de mim gritavam sobre tais mortes.
“Que droga de noite foi essa...”
Adentrei o local cuidadosamente, não queria gente me seguindo ou gente vindo olhar, ou que outros policiais desconfiassem que eu estivesse aqui e talvez alterando a cena do crime.
Tudo parecia como foi visto antes com a polícia, paredes e chão queimado, sem sinal de vazamento de gás, a marca preta de queimado no chão onde o antes estava o corpo todo  carbonizado. Nada de novo. Estranhamente, por mais que tudo fizesse parecer obra de algo sobrenatural, não parecia haver no local, resquícios de energia nenhuma.
Caminhei observando um pouco o local buscando algo que não havia notado. Algo fora do comum de cenas de crimes. Quando fui pego de súbito por um pressentimento estranho. Instintivamente e rapidamente me viro dando de cara com uma jovem que entrava no local.
Por um segundo fiquei a observando, parecia apenas uma garota comum, apesar de não entender o pressentimento tido quando ela entrou ou o porquê ela estivesse neste local. Ponderei que o pressentimento foi por eu estar investigando sozinho e ela ter entrado e que talvez ela conhecesse a vítima ou fosse uma xereta.
“Sempre têm muitos xeretas.”
- Esta área é restrita. Identifique-se. E a senhorita não deveria estar aqui.
Disse a ela esperando a resposta. Se fosse conhecida da vítima eu poderia ter chance de saber algo sobre ela. Mas caso fosse só uma xereta, apenas teria que perder meu tempo me livrando dela.
 

Garota xereta e implicante, era o que me passava em mente quando rebateu meu questionamento sobre ela.
- Porque diferente de você, senhorita, eu sou um policial e estou investigando o caso. E sua presença aqui pode interferir na cena do crime e até acabar a incriminando. Então identifique-se  agora, o que faz aqui, e então retire-se.
“Vamos lá não seja uma garota marrenta e não me arranje mais problemas... Já tenho suficientes...”
Mostrei a ela meu distintivo e observei esperando que reagisse. No fundo de minha mente minha intuição dizia que ela tinha algo relacionado com aquilo. Imaginava o clássico, que era uma garota que conhecia a vítima e estava xeretando em busca de pistas ou lembranças. Sempre assim, pessoas se apegando aos restos de lembranças.
 - Vamos lá senhorita, se identifique...

- Tomarei isso como um elogio...  
Respondi de forma séria e seca como sempre falava ao comentário da moça quanto a minha idade, que talvez na verdade pudesse com aquilo estar querendo me desestabilizar. Infelizmente para ela é difícil levantar ou derrubar mais quem já está no fundo do poço.
A garota se apresenta e fala morar num apartamento próximo, o que me faz notar como a janela dele dava uma boa vista ao local. Algo estranho que nenhum outro policial tenha notado ou tenha conversado com quem morasse na vizinhança sobre o ocorrido. Mas talvez a estranheza do caso fizesse realçar a preguiça e não vontade de trabalho da polícia.
Resolvi então tentar manter com a garota uma conversa e ver que tipo de coisa ela saberia, o que teria visto e até tentar levar ela de volta ao apartamento e conversar com outros moradores do local. Mais informações a seguir.
- Prazer em conhecê-la Anne. – forcei um meio sorriso, me era difícil sorrir – Sou o Dr. Romazzi. Poderia me dizer exatamente o que conseguiu ver?
Mal tive tempo de perguntar e a jovem já atravessava a fita de proteção e questionando sobre as marcas.
- Não sabemos direito ainda minha jovem. Apenas que nessas marcas de queimadura do assoalho encontramos um corpo de um homem carbonizado. Ainda buscamos identificação dele e causa da morte.
Suspiro fundo naquele momento, falar aquilo e olhar as marcas do chão me fazem por um segundo ter a imagem de um homem desfigurado pela chamas dar seus últimos gritos de apelo e a imagem é um tanto quanto incomoda.  Durante suspiro, fecho os olhos um pouco, com força, para tirar aquela imagem de mente. Não era hora de começar a ter esse tipo de visão. Maldita para normalidade.
- Por isso, para descobrir o que aconteceu de verdade aqui, seria importante ouvir tudo que você tem a dizer sobre o caso, o que pode ter visto e o que se lembra...
Digo tentando a encorajar a falar sobre o que vira.